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Dia de Cosme e Damião: descubra a história e a origem da celebração.


Encontro de tradições: entenda mais sobre os santos católicos e o sincretismo religioso.


Você costuma participar das celebrações de Cosme e Damião todos os anos? Talvez já tenha guardado saquinhos de doces ou presenciado comemorações em sua comunidade, mas conhece o significado por trás dessa tradição?

Popularmente celebrado em 27 de setembro — embora, no calendário da Igreja Católica, a data seja marcada no dia 26 — o Dia de Cosme e Damião vai além da distribuição de balas, bolos e outras guloseimas. É uma celebração carregada de simbolismo e importância cultural, que une católicos e praticantes de religiões de matriz afro-brasileira, como o Candomblé e a Umbanda.

Para essas tradições, Cosme e Damião são associados aos Orixás Ibejis, que representam a dualidade e a pureza das crianças. A celebração reforça a importância de proteger e cuidar dos pequenos, honrando princípios de alegria, equilíbrio e união, tanto no aspecto físico quanto espiritual.


Cosme e Damião e Ibejis: duas tradições, um só significado

Cosme e Damião, venerados no catolicismo, e os Ibejis, celebrados nas religiões afro-brasileiras, compartilham um simbolismo profundo e uma devoção especial às crianças. De acordo com Sidnei Nogueira, babalorixá e doutor em Ciências da Religião, Cosme e Damião eram irmãos gêmeos conhecidos por atuarem como "médicos" que realizavam curas sem cobrar nada pelos seus serviços. No século IV, durante as perseguições cristãs lideradas pelo imperador Diocleciano, os dois foram presos, acusados de feitiçaria e executados. Hoje, são considerados padroeiros dos médicos e dos farmacêuticos.

A fé em Cosme e Damião se espalhou rapidamente pelo mundo, e no Brasil, país com forte tradição devocional, os santos são especialmente associados à proteção das crianças. Em paralelo, no Candomblé e na Umbanda, os Ibejis, orixás gêmeos da tradição Yorubá, são celebrados com grande respeito e devoção. Esses orixás, Taiwo e Kehinde, são conhecidos por sua capacidade de curar e proteger a infância, além de enganar a morte para evitar o falecimento prematuro dos pequenos.

A origem dos Ibejis remonta à cidade de Igbo-Ora, na Nigéria, considerada a capital mundial dos gêmeos, com cerca de 158 pares para cada mil nascidos vivos. Nos terreiros de Candomblé e Umbanda, a festa dedicada a Cosme e Damião é uma das mais aguardadas. Durante a celebração, cânticos, danças e oferendas são realizados para honrar tanto os santos cristãos quanto os orixás africanos.

Sidnei Nogueira destaca que, para essas tradições, oferecer doces e fazer festas para as crianças é uma forma de garantir alegria, saúde, prosperidade e vida longa para todos. “Acredita-se que celebrando e agradando as crianças, todos nós somos abençoados com essas qualidades”, conclui Nogueira.


Cosme e Damião e Ibejis: duas tradições, um só significado

Cosme e Damião, venerados no catolicismo, e os Ibejis, celebrados nas religiões afro-brasileiras, compartilham um simbolismo profundo e uma devoção especial às crianças. De acordo com Sidnei Nogueira, babalorixá e doutor em Ciências da Religião, Cosme e Damião eram irmãos gêmeos conhecidos por atuarem como "médicos" que realizavam curas sem cobrar nada pelos seus serviços. No século IV, durante as perseguições cristãs lideradas pelo imperador Diocleciano, os dois foram presos, acusados de feitiçaria e executados. Hoje, são considerados padroeiros dos médicos e dos farmacêuticos.

A fé em Cosme e Damião se espalhou rapidamente pelo mundo, e no Brasil, país com forte tradição devocional, os santos são especialmente associados à proteção das crianças. Em paralelo, no Candomblé e na Umbanda, os Ibejis, orixás gêmeos da tradição Yorubá, são celebrados com grande respeito e devoção. Esses orixás, Taiwo e Kehinde, são conhecidos por sua capacidade de curar e proteger a infância, além de enganar a morte para evitar o falecimento prematuro dos pequenos.

A origem dos Ibejis remonta à cidade de Igbo-Ora, na Nigéria, considerada a capital mundial dos gêmeos, com cerca de 158 pares para cada mil nascidos vivos. Nos terreiros de Candomblé e Umbanda, a festa dedicada a Cosme e Damião é uma das mais aguardadas. Durante a celebração, cânticos, danças e oferendas são realizados para honrar tanto os santos cristãos quanto os orixás africanos.

Sidnei Nogueira destaca que, para essas tradições, oferecer doces e fazer festas para as crianças é uma forma de garantir alegria, saúde, prosperidade e vida longa para todos. “Acredita-se que celebrando e agradando as crianças, todos nós somos abençoados com essas qualidades”, conclui Nogueira.

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O Sincretismo Religioso e Suas Raízes no Brasil

O sincretismo religioso, característica marcante da cultura brasileira, surgiu como uma estratégia de sobrevivência dos povos escravizados no Brasil. Proibidos de praticar livremente suas crenças e rituais, muitos africanos disfarçaram suas divindades sob as imagens dos santos católicos, garantindo a continuidade de suas tradições espirituais. Essa tática de resistência permitiu que religiões africanas, como o Candomblé e a Umbanda, sobrevivessem à repressão colonial e, com o tempo, moldassem novas formas de expressão religiosa, unindo diferentes visões do divino em um mesmo espaço de devoção.

A celebração de Cosme e Damião, tanto no Candomblé quanto na Umbanda, é um exemplo vivo desse encontro, onde a herança africana se entrelaça com o catolicismo, transformando uma história de opressão em um legado espiritual de resistência e resiliência. Sidnei Nogueira, doutor e babalorixá, explica que essa fusão foi uma resposta direta à violência e à repressão sofridas pelos escravizados: “Foram cerca de 5 milhões de pretos e pretas trazidos ao Brasil. Para manter viva a África ancestral — seja a África Bantu, Yorubá ou outras nações de Candomblé, como Keto, Jeje, Angola e Nagô — eles precisaram adaptar suas práticas para não serem punidos pelos senhores de engenho, que exigiam a adesão à fé católica.”

Segundo Nogueira, essa associação foi habilidosamente realizada. Ao rezar e cantar para Ibeji, orixá gêmeo, diante das estátuas de Cosme e Damião, os escravizados faziam com que os senhores acreditassem que estavam venerando os santos cristãos. Essa dissimulação garantiu a sobrevivência das divindades africanas e gerou um fenômeno único de intercâmbio espiritual.

Atualmente, o sincretismo deixou de ser uma necessidade para os praticantes das religiões de matriz africana, mas o vínculo estabelecido permanece. “A associação não significa que ambas as figuras compartilhem a mesma origem ou significado, mas há uma conexão simbólica que não pode ser ignorada”, comenta Nogueira. Ele exemplifica: “Santa Bárbara está associada a Yansã; Ibejis a Cosme e Damião; Ogum a São Jorge; e São Lázaro a Obaluaê.”

Nogueira ainda defende que essa relação não é algo nocivo. Pelo contrário, ele prefere enxergar a situação de outra maneira: “Os Orixás negros enegreceram os santos católicos brancos, e não o contrário.” Ele destaca que o campo da devoção é, por natureza, subjetivo e plural, e que esse sincretismo acabou possibilitando algo notável: a aproximação entre diferentes religiões e a troca de experiências. É por isso que, mesmo com diferenças de fé, crianças de todas as crenças visitam terreiros para pegar doces e presentes durante a festa de Cosme e Damião.

“Embora celebremos os Ibejis, continuamos chamando a comemoração de ‘festa de Cosme e Damião’. Por quê? Porque honramos ambas as tradições ao mesmo tempo”, conclui Nogueira.


O Poder dos Ibejis: Um Conto Yorubá sobre a Importância dos Gêmeos

No rico universo da mitologia Yorubá, os Ibejis, ou gêmeos, desempenham um papel fundamental na tradição religiosa. Um dos contos mais conhecidos sobre esses orixás é o que nos mostra como eles enganaram a própria morte, destacando a importância do duplo e da infância.

Segundo o babalorixá Sidnei Nogueira, a Morte, ofendida por não receber oferendas, começou a matar todos, impedindo que novas vidas viessem ao mundo. Os Ibejis, decididos a resolver a situação, afirmaram que fariam uma oferenda a Iku, a Morte na tradição Yorubá. Apesar de ninguém acreditar neles, os gêmeos se revezaram para tocar um tambor, encantando a Morte com a música e fazendo-a dançar por horas a fio.

Com o passar das semanas, a Morte ficou exausta, mas continuou dançando. Em um momento de cansaço extremo, um dos irmãos declarou que só pararia de tocar se ela parasse de matar. A Morte concordou, mas pediu que ao menos uma vez por mês ele voltasse para tocar, para que ela pudesse se divertir e dançar, aliviando a pesada tarefa de levar vidas.

Essa história ilustra a força e a importância dos Ibejis, os orixás gêmeos, na tradição Yorubá. Além disso, destaca a importância da infância e das crianças, que possuem um poder imenso, capaz até mesmo de enganar a Morte.

O Terceiro Irmão: Doum

Em algumas representações de Cosme e Damião, é comum encontrar uma terceira criança menor, que seria Doum. Diversas lendas explicam a origem dessa figura, incluindo a história de que Cosme, Damião e Doum eram trigêmeos e, após a morte de Doum, os irmãos seguiram a carreira de médicos, dedicando-se a cuidar das crianças de forma gratuita. Doum é reverenciado como o protetor das crianças até os sete anos de idade.

Rituais, Oferendas e Agradecimento

Para os candomblecistas, a principal oferenda de agradecimento aos Orixás Ibejis é a nossa alegria e doçura. Além disso, os devotos oferecem doces diversos, como maria mole, pé de moleque, guaraná, salada de frutas, etc. O Caruru, um prato tradicional da culinária afro-brasileira, também tem um papel central nas celebrações de Cosme e Damião na Umbanda e no Candomblé.

Recentemente, o Caruru foi reconhecido como patrimônio imaterial do estado da Bahia, destacando a importância da preservação da cultura afro-brasileira.

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